O legado da Barba Ensopada de Sangue


Um dia tive uma longa discussão com meu professor sobre o valor de um legado. Marne sabia, mesmo sem eu ter dito*
*ele sempre sabia coisas sobre as pessoas sem elas dizerem. Questionava-me se aquela paranormalidade nascera com ele ou se foi desenvolvida pela literatura.
da minha admiração por empresários que deixaram grandes obras para a humanidade.
Então Daniel, me fala um grande industrial brasileiro do século XIX? Matarazzo.
Fala outro. Agora não lembro. Pois, eu te digo agora pelo menos cinco escritores que ficaram para a história. O valor de um escritor para a identidade e força de um país é incomensurável.
Na hora eu não concordei plenamente com o argumento, mas guardei.
Foi em Budapeste, quando me perguntei sobre a razão de estar visitando um lugar tão distante, com tantas outras opções aparentemente melhores, que a voz do Marne voltou a ecoar no meu subconsciente. Pois eu estava lá por causa de um escritor. Meu desejo de conhecer a Hungria foi despertado pelos livros de Sandor Marai.
Pergunto, como este tipo de informação entraria numa estatística econômica? “Neste ano, 230.000 turistas visitaram a Rússia motivados pela leitura de Dostoievski, Tolstoi e Tchekhov.” Me aventuro a dizer que boa parte do encanto que temos por Nova York foi construído anteriormente pelos filmes, seriados e livros que lemos sobre ela. Os americanos sabem exatamente desse retorno econômico que a cultura gera. Seus investimentos astronômicos nessa área não são fruto de mecenato.
Sendo assim, a importância que Barba ensopada de sangue terá para a cultura do pequeno balneário de Garopaba jamais poderá ser medida em números. O que posso falar é da minha experiência com o livro e (aí vem um dado concreto) da minha visita à cidade, que não aconteceria sem ele. Conheci Garopaba em 88, quando meu tio Ledo organizou um campeonato histórico na praia da Silveira. As ondas de 12 pés ganharam as capas de todas as revistas especializadas além do rádio e TV. Anos depois, meus pais compraram uma casa em Ibiraquera, que fica bem perto dali, mas nunca me encantei muito pela cidade. Após a leitura de Daniel Galera, Garopaba ganhou outra importância para mim - senti uma vontade imediatista de passar por lá assim que pisei em Ibiraquera, coisa que nunca me acontecera.  Agora, suas ruas parecem brilhar, a praia ganhou beleza e seus moradores passaram a ser todos personagens de um belo romance.
Uma palavra para definir a escrita de Galera é – Precisão, e talvez seja isso que nos prende tanto aos seus textos. Acredito que um escritor é preciso quando você para de ler o livro e a voz do narrador entra na sua cabeça e passa a narrar os acontecimentos da sua vida.
Posso prever que Barba ensopada de sangue será um livro para ficar para a história da literatura brasileira e torço para que daqui um século ou dois Daniel Galera seja mais lembrado que o patético Eike Batista.   

ABAIXO ALGUMAS FOTOS DOS LOCAIS ONDE A HISTÓRIA SE PASSA
Morro de pedras da Praia da Ferrugem

Praia de Ibiraquera vista da Ribanceira

Lagoa da Ferrugem
Casas à beira da Garopaba (casa do nadador)

Lagoa de Ibiraquera

Academia na Subida da Praia da Silveira

Praia da Garopaba

Sorveteria GeloMel

Cabana na beira da Lagoa da Ferrugem (casa de Jasmim)

Bar do Zado


Pedras da Ferrugem

Beta mancando?

Pescadores de Garopaba

Pet Shop da Palhocinha

Igreja Matriz
Praia da Silveira

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